DORES ÓSTEOMUSCULARES
A dor osteomuscular é provavelmente o sintoma mais frequente apresentado pelo ser humano. As características destas dores são dinâmicas e variam de acordo com as demandas exigidas do corpo. Historicamente é relacionada a grandes esforços ou esforços repetitivos, mas este padrão vem mudando devido à rotina de vida do homem contemporâneo.
Principais locais de dor
Podemos apresentar dor em qualquer região do corpo que esteja sobre sobrecarga constante. Algumas regiões são mais propensas a sofrer os sintomas de sobrecarga mecânica, são elas: Coluna lombar (lombalgia mecânica) Musculatura para-escapular (coluna torácica) Musculatura para-cervical e trapézio (coluna cervical) Região posterior do ombro (Mialgia do trapézio) Tendinites no cotovelo (Epicondilites do cotovelo) Tendinites do punho Tendinites peri-patelares (Região anterior do joelho)
Características da dor
Normalmente o paciente procura o ortopedista quando apresenta uma dor que piorou de intensidade recentemente ou que persiste por um tempo grande. Muitas vezes as dores já estavam presentes de uma maneira discreta, negligenciada ou não percebida, o que pode dificultar a identificação de onde e quando surgiu o problema. A dor costuma ser de intensidade progressiva, iniciando de forma leve e piorando rapidamente quando ocorre uma grande sobrecarga da região que está vulnerável. A dor normalmente não acontece ao repouso e é manifestada quando a estrutura acometida esta sendo usada (por exemplo, na tendinite do punho, ao mobilizar os dedos ou segurar um instrumento). Em alguns casos, como na musculatura lombar, a dor pode ser contínua, pois estamos utilizando esta musculatura constantemente para a estabilização do nosso corpo. Em outros casos a dor só é percebida nos períodos de repouso, ou no final da jornada de trabalho, após esforços acumulados ao longo do dia. Não é raro ocorrerem dores desta característica em dois ou mais lugares do corpo ao mesmo tempo o que pode levar o paciente a temer doenças como reumatismo.
Principal causa
Todos estes tipos de dores podem ser explicados por um único processo: a sobrecarga mecânica. A sobrecarga mecânica ocorre quando uma estrutura esta sendo submetida a esforços que ultrapassam sua capacidade de suportá-los. Isto pode ocorrer de duas maneiras: estruturas normais sendo submetidas a cargas anormais de esforço, ou estruturas enfraquecidas submetidas a esforços normais. De uma maneira ou de outra o resultado será o mesmo, a estrutura sobrecarregada sofre processo de fadiga, o que leva a dor, processo inflamatório, contraturas musculares e até lesão estrutural da mesma.
Identificando a origem da dor
Entender este processo de sobrecarga mecânica é fundamental para que o paciente identifique o que esta causando a dor. Com uma pergunta já é possível identificar se a dor é causada por uma musculatura enfraquecida que não suporta as atividades normais do dia a dia: – Você faz alguma atividade física? Uma grande parte das dores osteomusculares ocorre em pessoas sedentárias ou que realizam atividades físicas que não fortaleçam a musculatura. Nossa massa muscular regride exponencialmente após os 30 anos e, se nada for feito para mantê-la, o processo de sobrecarga é iniciado. Isto pode ocorrer até em pacientes que façam exercícios aeróbicos como corrida, ciclismo ou natação, pois os exercícios anaeróbios são os mais eficientes na manutenção ou ganho de força e massa muscular. Do outro lado da curva estão pacientes que não presentam fraqueza, mas que estão submetidos a esforços anormais. Estes esforços podem ser laborais ou mesmo por atividades físicas acima da frequência e intensidades aconselháveis. Estes pacientes devem identificar em seu trabalho ou treino os fatores que possam estar causando a dor, pois somente assim a sobrecarga pode ser corrigida ou adaptada.
Pilares do tratamento
São 3 os principais pilares do tratamento da sobrecarga mecânica: Diminuir a carga que é exigida O peso é um fator diretamente relacionado à carga no esqueleto axial (coluna) e nos membros inferiores. Pequenas variações de peso (até mesmo diferenças de 1kg) podem significar a presença ou não de sintomas. O controle do peso passa por um processo de busca de qualidade de vida, que envolve alimentação adequada, atividades aeróbias, sono regular, trabalho equilibrado, etc… O repouso pode ajudar a cessar os sintomas de sobrecarga. O repouso varia desde a parada de atividades físicas excessivas até uma imobilização provisória em uma tendinite de punho. A adequação de técnica de exercícios anaeróbios e postura e técnica adequada no ambiente de trabalho também são fundamentais. O importante é diminuir o uso da estrutura sobrecarregada. Fortalecer a musculatura envolvida no suporte ao esforço Uma vez que os sintomas de dor estejam controlados, o fortalecimento das estruturas envolvidas pode ser iniciado. Como já comentado, a partir dos 30 anos, nossa massa muscular regride exponencialmente e é importante estimula-la com exercícios. Para manter nossa musculatura trófica devemos realizar exercícios anaeróbios localizados e globais, ou seja, fortalecer os principais grupos musculares (globais) através de exercícios específicos (localizados) de uma maneira a estimular sua hipertrofia e fortalecimento (anaeróbio). Para a dor lombar, por exemplo, é importante o fortalecimento não só da musculatura para-vertebral, mas principalmente do abdômen e do quadríceps que ajudam na sustentação do esqueleto axial. Da mesma maneira, toda musculatura envolvida em um processo de sobrecarga deve ser estimulada com exercícios de fortalecimento. Soltar retrações musculares que levem a sobrecarga O alongamento da musculatura é essencial para retirar a sobrecarga mecânica de uma articulação ou outro grupo muscular. O alongamento de um tendão ou musculo sobrecarregado melhora sua força e resistência e tem ação muitas vezes mais efetiva na resolução do quadro. Porém, o alongamento é talvez o pilar do tratamento mais negligenciado pelos pacientes que buscam qualidade de vida. É comum encontrar pacientes que mantém uma boa rotina de exercícios com um alongamento deficitário. Procurar orientação fisioterápica para realização de um alongamento efetivo é fundamental para o sucesso do tratamento.